Quaresmando
*Os textos e artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores, e não traduzem a opinião do jornal O Alto Uruguai e seus colaboradores
terça, 15 de abril de 2025

Findado o Carnaval eis que o ano inicia de fato em terras brasileiras. Momento de ativar os estudos, o trabalho e de colocar em prática as juras feitas no réveillon. Período para os religiosos, que também anuncia a quaresma (de 5 de março a 17 de abril) e, o resguardo que a data requer, onde novamente fazemos um balanço como os costumeiros em finais de ano, sobre como estamos levando a vida e a quantas andam nossas atitudes. O momento é de silêncio e reflexão, mesmo para aqueles que não seguem a Liturgia, mas são desejosos de uma vida nova. O jejum que muitos optam em fazer, não deve ser uma promessa vazia ou uma ritualística levada como simpatia, de se privar de algo para obter tal coisa. Na Quaresma de 2025, o Papa Francisco nos propõe uma reflexão sobre a nossa caminhada de fé sob o lema “Peregrinos de Esperança”. O chamado à conversão e à misericórdia segue os propósitos de renovação da fé e da esperança, sabendo que Deus Onipotente jamais nos abandona. O expurgo em reconhecer nossa fragilidade humana e a do próximo, já é um começo. Refletir sobre nossa conduta e fazer a reforma moral, é a meta daqueles que querem viver em paz. Mas o que significa ter paz? Ter dinheiro no banco? O carro do ano? Concretizar a viagem dos sonhos? Renovar os votos de casamento? Tudo isso, sem dúvida traz felicidade, mas paz, a gente só sente quando está com a consciência leve, quando damos atenção ao socorro alheio e – em tempos de tanta bipolaridade e preconceito -, quando respeitamos as escolhas alheias. Sem caridade não há salvação, é uma prática que há consenso entre as várias religiões. Contudo, precisamos estabelecer o que é caridade e amor ao próximo. Se apenas fazer donativos para instituições e pessoas que nunca vimos se enquadra nessa díade ou se é preciso mais que isso. Desconfio que sim, pois a obra do Senhor nos exige mais esforço do que só depositar dinheiro em uma conta bancária, mas torcer o nariz ao avistar um mendigo. Olhar o seu próximo sem julgamentos e lhe estender a mão sem ressalvas é o começo de uma linda caminhada de luz e comunhão com Deus. Precisamos ser fraternos sem pensar em ganhar o Reino dos Céus, pois aí nossa ajuda estará sendo interesseira. Precisamos sentir a necessidade do outro nos doer, nos tirar o sono, nos incomodar a ponto de nos mover em seu auxílio. Isso é amor, o resto é esmola!

 

Bons Ventos! Namastê.

Fonte: