Nós somos rápidos em pedir, tardos em agradecer
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segunda, 16 de agosto de 2021

Imagine que você vai ao banco solicitar um empréstimo. Depois daquela choradeira tradicional e satisfeitas as exigências do banco, que quer saber até a cor da casa, você tem o dinheiro na conta. Passado um ano, lógico que era um ano de pandemia, você atrasou as prestações. Volta novamente ao banco e como um advogado expõe as razões do atraso. O gerente se convence e lhe faz um novo empréstimo, com suaves mensalidades. Passa mais um tempo e você reclama que o juro é exorbitante e que o outro banco fazia bem mais barato. O gerente, talvez prevendo que pode perder tudo, espicha as prestações, agora com um juro quase zero. Embora o dinheiro não seja do gerente, você agradeceu ao chefe, elogiou a sua administração, que na cidade falam bem dele, e cumprimentou pelo desempenho da agência?
Nós, na vida, até quando vamos à igreja, é só para pedir. Proteção contra as doenças, contra os acidentes, graças de um bom negócio, boa safra, boa viagem, bom emprego e até para se ganhar as eleições. Agradecer e louvar o Senhor, não é muito o nosso hábito. Até Cristo, que era Deus, reclamou que dos 10 leprosos curados, apenas um voltou para agradecer. Mas se Deus não nos livra da lepra, nós choramos.
Obrigado, Senhor, por conseguir ler o jornal. Eu poderia ter vindo cego ao mundo.
Obrigado pela vida. Só da Covid 19, milhões morreram no mundo e na nossa cidade.
Obrigado por ter um corpo perfeito. A gente enxerga deficientes todos os dias.
Obrigado pela empresa. Estamos até progredindo, quando centenas vão à falência.
Obrigado pelo emprego. Não é gordo, mas no Brasil, existem 15 milhões sem ele.
Obrigado pela família. Muitas quebraram e está difícil juntar os cacos.
Obrigado pelo frio. Sem ele, os vírus fariam a festa no organismo e nas plantas.
Obrigado pelo sol. O gás e a lenha acabam rápido, mas o fogo do sol nunca acaba.
Obrigado pela chuva bem dosada. Em outros lugares reina enchente ou deserto.
Obrigado pelos garis. Eu poderia ter nascido em uma lixeira. VOCÊ, numa manjedoura.
Obrigado pelos professores. Seus discípulos O chamavam de Mestre.
Obrigado pelos médicos e enfermeiras. De quantos eles livraram do cemitério.
Obrigado pelos que estão na roça. Quem garante a comida no prato?
Obrigado pelo presente da música, pelo canto dos pássaros e beleza das flores.
Obrigado pelos policiais. Arriscam a sua vida para salvar a nossa.
Obrigado pelo Grêmio e pelo Inter. Desculpe Senhor, mas nós, só Tu salvas...
Obrigado pelos padres e pastores, pontualmente presentes no templo.
Obrigado, Senhor, pelos que não gostam de nós, até nos prejudicaram, com fofocas, com processos, com ódio e nos viram a cara. Afinal, o exemplo nos foi dado. O Filho de Deus, que curou centenas, que norteou multidões, ensinando a verdade, que ressuscitou mortos, na hora do seu julgamento, nenhum destes beneficiados se apresentou para defendê-lo da cruz. Ele veio ao mundo, não para livrar-nos das dores e contrariedades, e sim para nos confortar que OUTRA vida nos espera. Obrigado, Deus, por nos trazer a esperança, o conforto e a garantia que a existência não acaba na sepultura, mas nos braços do Pai e no colo da mãe Maria.

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O coração da Alzira Forchezatto parou de bater. Mulher simples, mas que fará falta na sociedade. Sempre otimista, pronta para uma risada, disposta, popular. Ultimamente, um pouco abatida por causa do seu Grêmio. Viveu trabalhando e no trabalho se santificou. Deus lhe dará a merecida recompensa. Aos familiares, sentidas condolências.

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