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Vicente Dutra
Antropólogo alega que relatório da Funai está baseado em depoimentos inconsistentes
Para o estudioso, documento não apresenta provas concretas da tradicionalidade da ocupação indígena na área demarcada
Por: Márcia Sarmento
Publicado em: segunda, 06 de novembro de 2023 às 09:10h
Atualizado em: segunda, 06 de novembro de 2023 às 09:13h

Nesta terceira publicação sobre a análise técnica multifuncional que está sendo realizada pelo antropólogo Edward Mantoanelli Luz, na alegada terra indígena Rio dos Índios, em Vicente Dutra, estão compreendidas as constatações do profissional em relação ao Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação (RCID), produzido pela Funai.

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Para Mantoanelli, o documento é uma peça “fraca, enviesada, insuficiente e incapaz de provar a tradicionalidade da ocupação indígena”, fazendo ruir a reivindicação territorial. Entretanto, o relatório é tratado, de acordo com a análise do estudioso, com “uma incompreensível e injustificada presunção técnica”. E acrescenta que se trata de uma pesquisa com apenas 128 páginas, com parcelas fragmentadas de biografias “cuidadosamente selecionados para compor uma narrativa que o autor batiza de memória coletiva, mas, na verdade, é uma coletânea de fragmentos bibliográficos que não traz conteúdo comprobatório”, afirma.

O antropólogo ressalta, ainda, que o RCID tem ausência de provas histórias e documentais, como registros fotográficos, por exemplo, sendo também omisso nas análises do parentesco da comunidade e questionável na exposição do resultado de suas investigações de campo, como falas qualificadas das principais lideranças. “É uma peça de ficção propagandística. O autor não se esforça para apresentação qualquer tipo de provas, nem ao menos para comprovar e fundamentar a narrativa fantasiosa do que chama de memória oral coletiva, do mesmo grupo beneficiário da reinvindicação”, continua.

De acordo com o pesquisador, o primeiro e mais grave erro cometido pela Funai é a utilização exclusiva da memória oral, desacompanhada de qualquer fundamentação que sirva de esteio, ou sem qualquer comprovação documental ou fotográfica. “A memória oral é frágil porque pode ser suscetível a distorções e exageros ao longo do tempo. Um dos exemplos da imprecisão da idade de João Oliveira, que em uma página do relatório da Funai aparece com 86 anos e em outra, com 66 anos. Essas falhas também envolvem a chegada dos colonos brancos na região, o que é apontado como tendo ocorrido depois dos indígenas, o que pode ser contestado por diversos documentos e com fotos de habitações em Vicente Dutra”, argumenta Mantoanelli.

Confira a primeira matéria aqui

Confira a segunda matéria aqui
 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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