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Chuvas
Ametista do Sul perde cerca de 80% dos grupos de turistas
Empreendedores, entidades e poder público trabalham para divulgar que o município mantém suas atividades normais e pode receber visitantes
Por: Márcia Sarmento
Publicado em: segunda, 27 de maio de 2024 às 11:03h
Atualizado em: segunda, 27 de maio de 2024 às 11:19h

Filas nos restaurantes e pontos turísticos, reservas de hospedagem confirmadas até o fim do ano para muitos grupos de visitantes de outras regiões do Estado e até mesmo de fora dele, bem como muitos ônibus estacionados no Centro do município. Essa era a realidade de Ametista do Sul até o início de maio, antes das chuvas que provocaram enchentes, mortes e muitos prejuízos no Rio Grande do Sul.

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Se, por um lado, as alterações climáticas trouxeram perdas incalculáveis para as regiões dos vales, serra e centro do RS, para o pequeno município, os impactos na economia começam a ser sentidos. Conforme empreendedores que atuam no setor, os grupos de turistas que haviam confirmado visitação estão cancelando, não apenas adiando, a vinda para Ametista do Sul. Os cancelamentos vão até novembro e preocupam os empresários, o poder público e a comunidade.

Conforme a bacharel em Direito e empreendedora, Andressa Zatti, que responde pela AZ Turismo, pelo Refúgio das Pedras e pelo Engordait Restaurante, todas as empresas criadas para atender ao setor turístico do município, houve uma diminuição de cerca de 80% no recebimento de excursões. “Até novembro, tivemos, somente na minha agência, 18 grupos cancelados. Há casos que parte do pacote já havia sido pago e tivemos que devolver o dinheiro”, conta a empresária.

Andressa ressalta que grande parte dos grupos de turistas que estava focando em Ametista do Sul vinha das regiões do Estado mais atingidas pelas enchentes, além de Santa Catarina e Paraná. “As pessoas de fora acham que todo o RS foi atingido e estão com medo de vir, estão inseguras. Por isso, estamos reforçando, em parceria com os pontos turísticos, a divulgação de que estamos trabalhando, que temos condições normais para receber os turistas, pois precisamos sobreviver e gerar renda para ajudar quem agora precisa”, destaca.

Com as atividades da agência e do restaurante praticamente paradas, Andressa está focando na venda on-line de produtos da sua loja, tanto pelo Instagram como pelo WhatsApp. “Uma forma de ajudar as pessoas que perderam tudo está sendo destinar parte do valor do produto vendido. Outras empresas também estão realizando lives solidárias e outras maneiras de contribuir neste momento”, acrescenta Andressa.

Manutenção dos empregos

Com os garimpos fechados há 10 meses, a economia do município vinha se mantendo aquecida com o turismo. O impacto da diminuição dos visitantes já está repercutindo, inclusive, com o fechamento de postos de trabalho, o que preocupa a comunidade como um todo. “Estimamos que essa situação vai permanecer pelos próximos quatro meses. O que se mantém é aquele turista que vem e volta no mesmo dia, mas não é suficiente para manter o setor aquecido”, alerta o secretário municipal de Turismo, Alcindo Zilch.

Outro fator preocupante envolve um possível endividamento dos empresários, já que muitos empreendedores financiaram seus negócios, pensando justamente no fomento do turismo. “Precisamos ter em mente que Ametista do Sul não foi impactada diretamente pelas enchentes, porém, os empresários que fizeram seus financiamentos pelo Fungetur, do Ministério do Turismo, se não receberem socorro, como por exemplo, uma amortização de seis meses, poderão não ter perdido as empresas para as chuvas, mas terão de entregar para os bancos”, alerta o gestor.

Para tentar minimizar o problema, o poder público, em parceria com entidades do setor e empreendedores, está reforçando a divulgação de que Ametista do Sul está recebendo os visitantes normalmente. “Acreditamos que as pessoas possam começar a se reprogramar daqui uns 90 dias. Por isso, também vamos participar de eventos específicos, como a Feira de Negócios Turísticos (BNT) Mercosul, que ocorre neste fim de semana em Balneário Camboriú (SC), para manter o contato com as agências de turismo e profissionais do setor”, completa Zilch.

Foco na divulgação

Criada em 2017, com o objetivo de reunir os empreendedores do turismo em Ametista do Sul, a Associação de Desenvolvimento Turístico de Ametista do Sul (ADTA), intensifica, neste momento, o trabalho de divulgação, não só sobre os atrativos disponíveis, como também reforça que as atividades estão em pleno funcionamento. 

Para o presidente da entidade e proprietário da Vinícola Ametista, Silvio Poncio, até meados de julho, cerca de 30% da demanda reduzida dos grupos que visitam o município deverá ser retomada. Por isso, a associação também foca nos eventos especializados, como o BNT Mercosul, visando divulgar às agências de turismo de que a cidade pode e precisar receber os turistas.

– Estamos ampliando a divulgação para outros públicos, como dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, porque sabemos que parte importante dos visitantes, que são do RS, vai demorar para retornar. É uma situação muito triste, todos estamos empenhados em ajudar nossos conterrâneos que foram atingidos, mas precisamos trabalhar, o que é fundamental para dar esse suporte – observa o empresário.
Ainda, a ADTA conseguiu resolver um problema que estava ocorrendo com o Google Maps, onde acessos para a região apareciam como interrompidos. “Nossa expectativa é de que, a partir de setembro, a procura, as reservas, enfim, a vinda dos grupos de turistas comece a ser recuperada e volte próxima à normalidade”, finaliza Poncio.



 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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