Acontecerá nesta quinta-feira, 4, em Cachoeira do Sul, o movimento SOS Agro, onde são esperados mais de 10 mil produtores, que estarão unidos para chamar a atenção das autoridades sobre a situação crítica do setor agropecuário. A reivindicação principal do grupo, composto por produtores rurais de diversos portes e atividades, todos enfrentando problemas financeiros graves, seria para que o governo federal se manifeste sobre as medidas apresentadas pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) no dia 7 de maio, que incluem a prorrogação de dívidas, criação de uma linha de crédito com juros de 3% e prazo de pagamento de 15 anos, com até dois anos de carência.
Da região, estarão presentes na mobilização o presidente do Sindicato Rural de Palmeira das Missões, Ivonei Librelotto, e o vice-presidente da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul)/Palmeira das Missões, Hamilton Guterres Jardim.
Dea acordo com um dos produtores, as dívidas estão prorrogadas até 15 de agosto, mas depois não se sabe o futuro. “Não misturamos política ou qualquer bandeira. Queremos somente continuar no agro e produzindo. Hoje essa é a maior incerteza, como seguir em frente”, afirma.
Prejuízos do produtor gaúcho
O Rio Grande do Sul contabiliza a quarta safra consecutiva com perdas nas atividades agropecuárias, segundo divulgado pelo Canal Rural. De 2019 a 2022, foi a estiagem que causou prejuízos; já no ciclo 2023/24, o excesso de chuvas impactou negativamente a colheita. Segundo a Emater-RS, a perda média na soja é de dois milhões de toneladas, com algumas regiões ainda com mais de 50% da área plantada sem colheita. Na Metade Sul, cerca de 10% da área foi abandonada devido às condições péssimas dos grãos.
A área cultivada no estado está estimada em 6,6 milhões de hectares, com uma produtividade média estadual de 2.923 kg/ha. No entanto, algumas regiões colheram muito abaixo desse volume. As perdas não se limitaram à soja. Outras culturas, como milho em grão e silagem, além de áreas de arroz, foram severamente impactadas. A histórica enchente de maio afetou mais de 206 mil propriedades, sendo que 50 mil produziam grãos.
Atividades como criação de suínos, aves, bovinos, bovinos de leite, olerícolas e produção de frutas também sofreram impactos significativos.
No meio rural, 19.190 famílias enfrentaram perdas em estruturas das propriedades, como casas, galpões, armazéns, silos, estufas e aviários. Na agroindústria, cerca de 200 empreendimentos familiares registraram prejuízos.
Diante dessa situação, os produtores não conseguem cumprir os compromissos financeiros assumidos e reinvestir na recuperação das propriedades. Daí o interesse em entrar em contato com autoridades, para cobrar o anúncio de medidas concretas para aliviar a crise.
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