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José Zanella
“Sou daqueles que carrega a Itália no sangue”
Por: Suseli Cristo
Publicado em: sexta, 20 de maio de 2022 às 13:36h
Atualizado em: sexta, 20 de maio de 2022 às 13:58h

Preservar as suas origens italianas e fazer com que os seus filhos e netos um dia vivenciassem toda essa história sempre foi o sonho do frederiquense José Zanella, de 67 anos. Ao estar na Itália por oito vezes, foi que ele percebeu que o país tinha muito mais a lhe oferecer do que somente as atrações turísticas, e a paixão pela terra de origem dos seus descendentes é tanta, que ele foi nomeado, em abril deste ano, em Porto Alegre, como agente consular honorário da Itália em Santa Maria.
– Na Itália, o contraste do antigo com o moderno que encontrei reforçaram em mim o desejo de continuar preservando as relações com minhas origens e de oportunizar a outros essas experiências. As viagens sempre trouxeram emoções únicas e me possibilitaram conhecer cada vez mais a terra dos meus antepassados – frisa Zanella.

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O novo agente consular 
José Zanella nasceu em Frederico Westphalen, onde mantém seus familiares – Zanella e Botton –, mas foi em Santa Maria que construiu sua trajetória profissional e pessoal. É graduado em Matemática e Engenharia Civil pela UFSM, especialista em Matemática pela UFRJ e mestre em Engenharia de Produção pela UFSM.
– Aposentei-me como professor-adjunto do Departamento de Matemática da UFSM, onde também fui chefe por oito anos, atuando como docente nos cursos de Matemática, Engenharia Civil, Elétrica e Mecânica, Agronomia, Engenharia Florestal, Cooperativismo, Zootecnia, entre outros. Nos cursos de Economia, Administração de Empresas e Ciências Contábeis ministrei por 25 anos a disciplina de Matemática Financeira e em cursos de especialização em Controladoria e Matemática. Fui executor de um grande convênio de mobilidade acadêmica entre a nossa universidade e a Università degli Studi di Udine, da Itália. Neste programa, mais de 170 alunos e professores participaram de intercâmbios – relembra.
Sempre apoiado pela esposa e filhos, Zanella diz estar aproveitando ao máximo esses momentos. “Posso dizer que sou realizado profissionalmente e no lado familiar. Sou casado com a cirurgiã-dentista Maria Helena Koehler Zanella (que conheci em FW), temos três filhos, a Cristine, advogada, economista, doutora em Relações Internacionais pela Universidade de Ghent (Bélgica) e professora da UFABC-SP; a Rafaela, que foi Miss Brasil em 2006, médica e doutoranda em Medicina pela PUC/RS, casada com o cirurgião-plástico Denis Valente e clinicando em Porto Alegre na área de dermatologia estética – que me deram os netos Isabela, Helena e Enrico –; o Matheus, graduado em Ciências da Computação e Administração de Empresas, empresário do setor de gelateria e açaí. É algo gratificante ver o que construímos, que toda a família está bem. Todos temos cidadania italiana, e em 2020, iríamos mais uma vez para a Itália, mas a pandemia adiou a viagem e remarcamos para o fim deste ano”, conta.

O valor do reconhecimento
Sentindo-se recompensado pelo trabalho que realizou na comunidade onde escolheu viver, o frederiquense frisa que sempre fez tudo sem qualquer pretensão. “Quem trabalha com algum tipo de voluntariado e que não tem pretensão alguma de galgar qualquer posto sabe o valor que tem o reconhecimento. Preciso dividir esse título com todos os que ajudaram a construir a italianidade na região central do RS. Sou daqueles que carrega a Itália no sangue, nos documentos e no coração”, diz Zanella, que atualmente dedica-se à administração dos negócios da família e ao voluntariado, desde 1996, na Associação Italiana de Santa Maria.
– Para o título foi um processo criterioso. Os nomes são apresentados e a escolha é do Ministero degli Affari Esteri, o Ministério das Relações Exteriores italiano. A avaliação só acontece após a liberação do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que avalia a idoneidade do pretendente. Acredito que o fato de ter prestado serviços junto à comunidade italiana de Santa Maria, de ter coordenado o programa de mobilidade acadêmica entre a UFSM e universidades italianas, de ter participado como conselheiro eleito do COMITES RS e do Comitê dos Italianos no Exterior de Trieste (IT), me credenciaram a merecer essa confiança. Não pretendo fazer aqui uma apologia à Itália. Sou cidadão italiano, mas, antes de tudo, cidadão brasileiro. Cada brasileiro, de origem indígena, africana, europeia, ou outra qualquer que seja, tem o direito de conhecer e cultivar as suas raízes. No meu caso, as raízes estão no outro lado do Oceano, na Itália – finaliza.


 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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