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Laís Locatelli
Uma frederiquense por Barcelona
Barcelona é a capital da Catalunha, uma região que tem sua própria língua, tradições e personalidade exclusiva
Por: Suseli Cristo
Publicado em: segunda, 28 de junho de 2021 às 15:22h
Atualizado em: segunda, 28 de junho de 2021 às 15:35h

Há 10 anos, a frederiquense Laís Locatelli cruzou o atlântico em busca de novos conhecimentos e de uma formação acadêmica diferenciada. No seu percurso, escolheu Barcelona, cidade cheia de cultura e arte, para viver, trabalhar e usufruir das melhores experiências no país ibérico, uma vez que a cidade está localizada no nordeste da costa mediterrânea da Espanha. Barcelona é a capital da Catalunha, uma região que tem sua própria língua, tradições e personalidade exclusiva.

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Coluna SET – Como foi essa ideia de morar em Barcelona?

Laís Locatelli – Antes de Barcelona, cidade que eu escolhi para fazer morada, residi em Lisboa (Portugal), onde cursei um mestrado, com o apoio de AlBan, bolsas de estudos concedida pela União Europeia, na qual eu tive um projeto aprovado, em meados de 2004. Estive dois anos em Portugal, estudando e pesquisando sobre Estado e democracia. Posteriormente, morei em Salamanca (Espanha), onde cursei um doutorado e dois pós-doutorados em Direitos Humanos e Direitos Sociais, e também residi na Alemanha e Suíça antes de mudar definitivamente para cá. Escolhi Barcelona pelos estudos, língua, clima, cultura e qualidade de vida. É uma cidade vibrante, litorânea e próxima de Andorra, que no inverno fica coberta de neve. Temos aqui tanto o mar quanto a montanha.

 

Coluna SET – Qual a sua formação e em que você atua aí?

Laís – Sou pós-doutora e doutora em Direitos Humanos e pós-doutora em Direitos Sociais, realizados na tradicional Universidad de Salamanca, que tem 800 anos de história. Cursei o mestrado em Ciências Jurídico-Políticas na Universidade Autônoma de Lisboa e mais recentemente cursei um mestrado em Psicanálise, pela Universidad de León, na Espanha. Em Barcelona fiz uma pós em Terapia Psicanalítica, na Universidad de Barcelona e na Societat Espanyola de Psicoanàlisi, na qual sigo até os dias atuais participando de estudos sobre psicanálise com crianças e adolescente. Na minha terra natal, Frederico Westphalen, fiz uma pós em Direito Público e Privado e o curso de Direito na URI, onde estudei desde a 7ª série, tenho um grande carinho e muita gratidão por todos os mestres que eu lá tive. Hoje eu trabalho como psicanalista e como professora convidada em cursos de Psicanálise e de Direito.

 

Coluna SET – Como foi o apoio da sua família quando decidiu morar em outro país?

Laís – Sempre falo que tenho sorte de ter um ninho para retornar mas, também, de ter o impulso para lançar voos solos. Em casa a educação sempre teve um grande peso, já que a minha mãe, Edilamar Locatelli, foi professora por décadas e diretora da Escola José Cañellas por muitos anos, contribuindo muito para o desenvolvimento da educação na nossa região. Assim, o estímulo para ir em busca de conhecimento sempre esteve presente na nossa casa. Da mesma forma, meu pai Jones Locatelli (in memoriam) buscou nos impulsionar para viver nossas próprias experiências e deu todo o suporte para que conseguíssemos realizar nossos sonhos. Para tanto, foi fundamental o seu exemplo de determinação, constância, disciplina e empreendedorismo. Desde seus 20 anos já era um dos sócios da Estação Rodoviária de FW, depois foi sócio da construtora e fábrica de pré-moldados Barril, entre outras atividades que realizou ao longo da sua vida.

 

A eles e ao meu irmão, Ricardo, minha gratidão por sempre entenderem as minhas ausências e me acolher em cada retorno. Essa jornada no exterior hoje ganha novos contornos, uma vez que estou trabalhando tanto na Espanha como no Brasil, com uma base física em Porto Alegre, o que me proporciona uma maior proximidade com as minhas origens, com a minha família e amigos.

 

Coluna SET – Como tem sido lidar com essa pandemia aí também?

Laís – Teve aspectos importantes no atravessamento desse marco da nossa história, pois o nosso trabalho está sendo mais visto, o acesso às palestras, cursos. O conhecimento que está sendo amplamente transmitido on-line foi transformador, ao mesmo tempo que foi uma experiência de vivenciar saudades e limitações. Tivemos experiências muito enriquecedoras em termos psíquicos e emocionais, com mais tempo de vivência no lar, para quem passou a trabalhar desde casa, com a presença dos nossos afetos, uma valorização da vida, da saúde e um “cuidar de si”, tanto físico como dos sentimentos que emergiram durante esse período.

 

Coluna SET – Você tem participado de muitas lives nesse período. Como é esse trabalho?

Laís – O conhecimento que vem sendo transmitido de forma on-line nos proporcionou um contato com um público mais amplo. Tanto com temas de psicanálise como com temas de direito. Sobre temas de psicanálise, eu tenho utilizado muito o canal do Instagram @sigmund_freud_explica para dialogar com outros psicanalistas, psicólogos, psiquiatras e com as pessoas que estão acompanhando as lives. Os eventos de direito, que eu costumo direcionar minha fala para os direitos das mulheres/violência de gênero e sobre direito à saúde mental, costumam ser congressos ou seminários organizados por universidades, instituições e associações, como a OAB por exemplo e, também, por meio do canal no Instagram @portaldireitoshumanos.

 

Coluna SET – Quais seriam os seus projetos, tem algo que sonha realizar em breve?

Laís – O que for surgindo na ordem do desejo. Lacan expressa que se não caminharmos em direção ao nosso próprio desejo, responderemos ao desejo do outro, o que significa abrir mão da própria realização para que um outro sujeito fique, então, realizado. Por isso, é essencial estarmos vivenciando o presente e organizando o futuro em direção aos nossos sonhos.

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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